“Cristo, único fundamento da Igreja.” (Cf. 1Cor 3,11)

quarta-feira, 3 de março de 2010

CRIADOS COMO DOM: O desafio dos relacionamentos (parte 1 de 5)

Francesco Châtel



“Deus é amor; quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece nele” (1 Jo 4, 16). Estas palavras da primeira Carta de João exprimem com particular clareza o centro da fé cristã: a imagem cristã de Deus e, também, a consequente imagem do homem e de seu caminho. (Bento XVI, Deus caritas est, 1)

O anúncio de Deus Amor, que ressoa potente na primeira encíclica do Papa Ratzinger como em toda a história do Movimento dos focolares, pode mudar profundamente o nosso modo de ver a nós mesmos e à realidade que nos circunda.

No entanto, se olhamos para o nosso mundo, a realidade do amor parece obscurecida não só pelas guerras e injustiças, mas por uma tendência sempre mais planetária para o individualismo e para refugiar-se no âmbito particular. Apesar da crescente possibilidade de

conhecer-se e encontrar-se, graças ao desenvolvimento contínuo dos meios de transporte e de comunicação, experimentamos frequentemente a sensação de habitar uma praça barulhenta e cheia de gente na qual parece difícil estabelecer relações autênticas.

Dificuldade de relações autênticas

Isto atinge em particular, muito jovens que correm o risco de encontrar-se isolados no meio da multidão, com uma consequente tendência a voltar-se sobre si mesmos1 , na busca da própria realização, no fechar-se, talvez, no pequeno grupo dos bons, apoiando-se em espiritualidades prevalentemente individuais, ou no deixar-se arrastar, segundo o modo de viver da maioria.

“O que faço para ser feliz e realizado?” Esta é uma pergunta que ouço os jovens que encontro ou que me escrevem repetirem muitas vezes. Exigência justa em si, mas que parte da idéia de que cada um vive entre tantos e que deva construir o seu caminho ao lado do caminho dos

demais, frequentemente defendendo-se ou isolando-se.

Depois, existem muitos que descobrem que podem viver não entre, mas com os outros e procuram conhecer e encontrar quem lhe está próximo. Contudo, muitas vezes, eles se bloqueiam quando à própria ação não corresponde a reação esperada: “Para que ser-

ve amar, se os outros se aproveitam disto? Porque eu devo fazer tudo na minha casa (ou comunidade, ou trabalho, ou universidade) enquanto os outros pensam somente em si mesmos?”.

1 Com consequente re uxo no particular e no egocentrismo, como ressaltam tantas pesquisas feitas em diversos Países. Na Itália: cf. “Rapporto giovani. Sesta indagine dellIstituto IARD sulla condizione giovanile in Itália”, aos cuidados de Buzzi C., Cavalli A., de Lillo A., Bologna, Il Mulino 2007.

A partir de hoje será colocada uma serie de artigos publicados na Revista Perspectivas de COMUNHÃO - Revista de Espiritualidade e Pastoral -Ano XIV - Jan/Fevereiro 2010 - n.1.


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